sábado, 29 de março de 2008

O uso dos talheres

Usar talheres foi uma evolução para a humanidade

A faca foi dos primeiros instrumentos produzidos pelo homem pré-histórico. No início, era feito de sílex (um tipo de pedra) e era uma arma de grande importância. Depois, na Idade do Bronze, apareceram as facas de ferro ou bronze. Durante séculos, o homem tinha apenas uma faca e tanto servia para cortar um pedaço de carne como para defender-se.

Quem sugeriu que cada homem devia ter um talher para ser usado exclusivamente à mesa foi o cardeal Richelieu (1585-1642), um defensor das boas maneiras, por volta de 1630. O costume de cruzar faca e garfo sobre o prato depois de terminada a refeição foi fomentada na Itália no século XVII.

O garfo já era conhecido em 600 a.C. Os primeiros garfos possuíam apenas dois dentes de pontas afiadas e, até à Idade Média, só eram usados para servir comida. No século IX, o garfo foi considerado profano pelos padres venezianos, que recomendavam “o uso dos dedos dados ao homem por Deus”. Ele só reapareceu na Itália no século XIV. Na renascença italiana, as boas maneiras à mesa ficaram mais refinadas e exigiam o uso de garfos. Mesmo assim, o novo hábito custou a pegar. O povo achava que usar garfo era coisa de florzinha. O preconceito só desapareceria de uma vez por todas depois da Revolução Francesa.

A antecessora das colheres, surgidas há 20 mil anos, era apenas um pedaço de madeira ou chifre de boi escavado em forma de concha e de uso coletivo. Na Antiguidade, os gregos e os romanos mais ricos usavam colheres de bronze ou de prata, enquanto os pobres tinham colheres de madeira. Os egípcios possuíam belas colheres de madeira, pedra, marfim e ouro.

Algumas eram usadas para queimar incenso nas cerimônias. Os cabos tinham belas formas humanas ou de animais. Durante a Idade Média, o material utilizado foram ossos, madeira e ferro. Na Itália do século XV, as chamadas “colheres dos apóstolos” estavam na moda. De prata, elas traziam a figura de um dos apóstolos e eram consideradas o presente ideal para batizados de crianças. O modelo das colheres atuais começou por volta de 1760.

Durante a Idade Média, a única diferença concreta entre a mesa dos ricos e dos pobres estava mais na quantidade da comida do que na variedade das ementas ou das iguarias escolhidas. Ricos e pobres comiam à mão, e a diferença social existia apenas entre os que lavavam as mãos (ou apenas as pontas dos dedos) antes das refeições e os que o não faziam (Naqueles anos não havia água canalizada).

O único utensílio era a faca pontiaguda que cada convidado levava de sua casa e que servia para cortar a carne, espetá-la e levá-la à boca.

As colheres não abundavam e os garfos levariam ainda muito tempo a generalizar-se.
Sala e mesa de jantar eram coisas desconhecidas. Comia-se onde se dormia ou onde mais convinha e a mesa improvisava-se, o que não é de espantar numa época em que se recebiam as visitas na cama. A mesa era uma armação em xis coberta de tábuas de ocasião. Por isso ainda hoje se diz: - "pôr a mesa e levantar a mesa". Armada a mesa, cobria-se com uma toalha sempre branca e, sobre o improvisado tabuleiro, um saleiro e rodelas individuais de pão, a anteciparem os nossos pratos, que existem apenas há cerca de trezentos anos. Os convivas sentavam-se em bancos sem espaldar, e eram colocados na mesa largas bacias (como as atuais bandejas) com os alimentos servidos de uma só vez. No final da refeição, as fatias de pão eram distribuídas aos mendigos que se amontoavam no pátio ou faziam fila no portão.

A presença dos cães era indispensável, uma vez que seu pêlo, embora pouco limpo, servia de guardanapo aos comensais que mais se preocupavam com a higiene pessoal neles, limpando as mãos da gordura que se acumulava nos dedos. E falando em limpar os dedos...

E sabe porque o paletós tem botões nas mangas? Para que os comensais não limpassem a boca, mania detestada pelo cardeal Richelieu, pelo que ordenou que todos os convidados, começassem a vir com botões nas mangas, como sinal de boa educação. E isso foi na mesma época em que os paletós sofreram alteração no corte nas costas, o que permitiu aos cavalheiros, poderem andar a cavalo com o paletó fechado em Inglaterra.

Fonte: sdr.com.br

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